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domingo, 26 de outubro de 2008

CHEGA DE ENGOLIR SAPOS


Grite alto e forte aquele que nunca esteve a ponto de explodir de raiva. Reprimi-la é o caminho certo para doenças que vão da gastrite à hipertensão. Nem por isso é para você sair por aí agredindo meio mundo. A melhor saída é aprender a lidar com esse sentimento sem perder o controle

por Regina Pereira | ilustração Daniel Bueno

A designer Virgínia Bohrer se livrou de ficar com um sapão entalado na garganta quando foi demitida. “Fiquei furiosa, mas durou pouco”, diz.
A gaúcha sempre praticou meditação e acredita que isso a ajudou a encarar melhor a situação.
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Buuummm!!!! De repente a panela de pressão lança tudo pelos ares. A válvula entupida impediu que o vapor fosse escapando aos poucos e aí, antes que você se desse conta do defeito, veio a explosão. Algo parecido acontece com nosso corpo quando a gente vive engolindo sapos. E, se tem um órgão que sofre com as emoções reprimidas, é o coração. Um estudo recente com mais de 3 mil pessoas durante dez anos, publicado na revista da American Heart Association, mostra que as mulheres que sofrem caladas nas discussões com o marido são seriíssimas candidatas a sofrer de doenças cardiovasculares. "A raiva libera substâncias como a adrenalina que, em excesso, estão por trás do aumento da freqüência cardíaca", explica o psicobiólogo José Roberto Leite, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Junte-se a isso a subida aos céus da pressão arterial e pronto: é risco dobrado para o coração, pode acreditar.

O estômago é outro que se dá mal quando a gente atura opressões no trabalho, na escola ou em casa, sem extravasar a ira. "Uma pitada de raiva não faz mal a ninguém, mas descargas de corticóides, outro tipo de hormônio relacionado à raiva acumulada, podem piorar úlceras e gastrites", avisa Leite. Para alimentar ainda mais essa química perversa acionada pelo sistema nervoso, se você engole um sapo, o órgão aumenta a produção de ácidos. Um prato cheio para a dor.

Tanto a adrenalina quanto os corticóides, liberados também em situações de estresse, têm a missão de preparar o corpo para a fuga diante do perigo. Isso vem desde a época em que o homem vivia nas cavernas e precisava se proteger das feras que rondavam seu território. Em situações de fúria acontece a mesmíssima coisa. Assim como o medo primitivo, essa emoção tão forte tem seu lado bom, porque mobiliza para a reação. "A raiva nos dá energia para a luta", explica o médico Norvan Leite, especialista em Medicina Chinesa, da clínica Com-Ciência, que fica na capital paulista. Pode ser o combustível que nos encoraja a correr atrás dos nossos objetivos. Com a designer têxtil Virgínia Bohrer, uma gaúcha de 42 anos, foi assim. Ela fez a ira virar o jogo em seu favor, não sem antes sofrer um bocado. Acompanhe sua história: "Fui demitida de uma empresa que era a minha vida. A surpresa foi tamanha que não consegui evitar que um forte sentimento de raiva tomasse conta de mim. Passei uma semana sem dormir e sem comer direito, só remoendo o dia em que recebi a notícia. Foi duro, mas percebi que o jeito era correr para a frente. Deu certo. Sempre fiz meditação e isso me ajudou. Depois de um mês, já refeita do baque, me tornei consultora de grandes empresas e me sinto uma profissional reconhecida novamente."

O SAPO NO TRABALHO

conclusão:

A CHAVE PARA O BEM-ESTAR, A SATISFAÇÃO, OS GRANDES ÊXITOS E EFICÁCIA PESSOAL PASSA PELO DESENVOLVIMENTO DO HÁBITO DE ENGOLIR SAPOS.

E NÃO SE ESQUEÇA… SE ENGOLIR UM SAPO LOGO PELA MANHÃ, O RESTO DO DIA TERÁ QUE LHE PARECER MUITO MELHOR...

3. obedeça à lei da eficiência obrigatória


NUNCA HÁ TEMPO SUFICIENTE PARA FAZER TUDO, MAS HÁ SEMPRE TEMPO SUFICIENTE PARA FAZER AS COISAS IMPORTANTES.
–QUAIS SÃO ESSAS COISAS?
–DESENVOLVA UM SENTIDO DE URGÊNCIA.

PRATIQUE O ADIAMENTO CRIATIVO, UMA VEZ QUE NÃO PODE
FAZER TUDO.

–PONHA DE LADO PROPOSITADAMENTE TAREFAS DE BAIXO VALOR.
–DISPONHA DE TEMPO SUFICIENTE PARA AS TAREFAS QUE VERDADEIRAMENTE CONTAM.

FAÇA PRIMEIRO A TAREFA MAIS DIFÍCIL, AQUELA QUE PODE CONTRIBUIR MAIS PARA SI E PARA O SEU TRABALHO.
–SEJA DETERMINADO.

2.aplique a regra 80/20 (Princípio de Pareto)


A REGRA DIZ QUE 20% DAS ACTIVIDADES SÃO RESPONSÁVEIS POR 80% DOS RESULTADOS.
–20% DAS TAREFAS SÃO ESSENCIAIS, 80% SÃO TRIVIAIS.
–20% DOS PRODUTOS OU SERVIÇOS EXPLICAM 80% DOS LUCROS.
–EM 10 ITENS, DOIS DELES, POR SI SÓ, VALEM TANTO OU MAIS QUE TODOS OS OUTROS EM CONJUNTO.
–ETC.

DEDIQUE DIARIAMENTE 80% DO SEU TEMPO E ENERGIA NOS 20% QUE REALMENTE IMPORTAM PARA A SUA VIDA E SUA CARREIRA.

OCUPE MENOS TEMPO EM ACTIVIDADES DE MENOR VALOR.

Vilfredo Pareto, 1848-1923

1. prepare-se para a acção


PREPARE-SE CUIDADOSAMENTE ANTES DE COMEÇAR.
–A PREPARAÇÃO PRÉVIA PREVINE DESEMPENHOS POBRES.

MAXIMIZE OS SEUS RECURSOS PESSOAIS.
–IDENTIFIQUE OS SEUS PERÍODOS DIÁRIOS DE MAIOR ENERGIA MENTAL E FÍSICA.
–PROGRAME AS TAREFAS MAIS EXIGENTES PARA ESSAS ALTURAS.

RENDIBILIZE OS SEUS TALENTOS ESPECIAIS.
–IDENTIFIQUE AS COISAS EM QUE É MUITO BOM A FAZER.
–EXECUTE-AS MUITO BEM.

CONCENTRE-SE MAIS NA SOLUÇÃO DO QUE NO PROBLEMA.
–SEJA OPTIMISTA E CONSTRUTIVO.

três grandes estratégias para engolir sapos (parte 3)

TRÊS GRANDES ESTRATÉGIAS:

1. PREPARE-SE PARA A ACÇÃO

2. APLIQUE A REGRA 80/20 (PRINCÍPIO DE PARETO)

3. OBEDEÇA À LEI DA EFICIÊNCIA OBRIGATÓRIA

três grandes estratégias para engolir sapos (parte 2)


OS SAPOS SURGEM SOBRE A FORMA DE TAREFAS, ATITUDES OU ACÇÕES EXIGENTES, DIFÍCEIS, COMPLEXAS E ATÉ DESAGRADÁVES.

A TENDÊNCIA É PÔ-LOS DE PARTE, IGNORÁ-LOS OU ADIÁ-LOS. MAS DE NADA SERVE. MAIS CEDO OU MAIS TARDE TODOS TEMOS DE ENGOLIR SAPOS.

SE TIVER DE ENGOLIR UM SAPO VIVO, NÃO GANHA NADA EM FICAR SENTADO A OLHAR PARA ELE DURANTE MUITO TEMPO.

ENGOLIR SAPOS É UMA COMPETÊNCIA QUE SE APRENDE ATRAVÉS DA REPETIÇÃO.

três grandes estratégias para engolir sapos (parte 1)


MAS AFINAL O QUE É ISSO DE ENGOLIR SAPOS??
A indigesta arte de engolir sapos
por Floriano Serra*

Rapaz, pior do que engolir sapo deve ser mascar barata! Mas então por que nas empresas não se fala em “mascar barata”? Ou quem sabe “lamber gambá” em vez de “lamber sabão”? Eu não sei, o fato é que no trabalho o que se ouve e se fala é em “engolir sapo”.

Quem não já “engoliu sapo” na vida, durante a trajetória profissional? Certamente devem existir gargantas e estômagos virgens nessa área, creio. Em compensação, devem existir os engolidores diários e contumazes do batráquio – já tão condicionados que não abrem mão da sua dose diária... Haja estômago!

Há uma premissa organizacional que garante que suas chances de ter um emprego estável são proporcionais à sua capacidade de exercer com magnanimidade e estoicismo (ou seja, sem reclamar) a tal arte. O pior é que a coisa vem a seco, sem nem ao menos uma farofinha ou um molho de tomate – o que, aliás, não sei se melhoraria em algo a tal refeição.

Dizem os entendidos em sapologia que a origem da associação do sapo com algo nada palatável vem das Sagradas Escrituras – quem diria, hein? Contaram-me que em um determinado capítulo do livro do Êxodo, um rebelde faraó recebeu como castigo de Deus uma série de pragas, uma das quais se constituía de uma invasão de milhares de rãs – ou de sapos. Se não são a mesma coisa, são com certeza da mesma família. Segundo a narrativa, o Faraó encontraria o bicho saltitante em todos os lugares possíveis e imagináveis do seu palácio – inclusive quarto de dormir, cozinha e banheiro. Dá pra imaginar?

Portanto, desde tempos imemoriais, fez-se do sapo um bicho nojento. E a Psicologia reforça: diz uma teoria que “todos nascemos príncipes e somos depois transformados em sapos” – e assim se explica a divisão entre os bons e os maus. Que coisa... E olhem que, ironicamente, não me lembro de ter visto um só filme de terror em que o personagem central fosse um sapo gigante. Quase toda a fauna e a flora já foi astro ou estrela de um filme de John Carpenter, Joe Dante, Zé do Caixão e outros diretores do gênero. O sapo, não. Parece que só aparece nas empresas, mesmo. No trabalho, “engolir sapo” é não ter o direito, o espaço, a liberdade ou a coragem de responder à altura um insulto, uma humilhação, uma acusação, uma ironia.

Claro que essa impotência tem uma razão de ser óbvia: o “sapo” vem sempre do superior imediato. Ou seja: ninguém “engole sapo” enviado por um colega do mesmo peso hierárquico – e muito menos de peso menor. Donde se pode facilmente concluir que os “sapos” têm uma preferência toda especial em fazer do seu habitat natural as organizações que adotam um modelo de gestão autoritário e insensível. Que não permite o diálogo, a réplica, o esclarecimento, muito menos a argumentação.

Inclusive, na prática dessa “arte”, as coisas hoje estão cada vez mais fáceis (ou seria melhor dizer “difíceis”?) porque, graças ao avanço tecnológico sobretudo da informática, atualmente já se pode mandar (ou receber) “sapos” por e-mail! Chique, não?
Mas, convenhamos: na verdade, não há nada de errado em “engolir sapos”, desde que algumas condições sejam observadas.

Por exemplo: quando seu emprego depende da sua capacidade digestiva. Aí tem que comer, amigo. E, em alguns casos, até pedir bis! Porque se trata de um caso de sobrevivência profissional.
Quer ver outro exemplo? Quando você aprendeu a desenvolver anticorpos emocionais contra “sapos”. Em outras palavras: quando há um canal de comunicação livre e desimpedido entre seu ouvido direito e o esquerdo – ou vice-versa. Traduzindo: quando você deixa o “sapo” entrar por um ouvido e sair pelo outro, sem descer para o estômago – e muito menos para o coração.

Mas nem tudo está perdido: garanto-lhe que se você treinar direitinho, você vai aprender a rir dos lançadores de “sapos”. Principalmente porque eles não têm a aparência de quem está se divertindo. Pelo contrário, quase sempre parecem “enfezados”, gritam, xingam, acusam, esmurram a mesa e soltam perdigotos. Cá pra nós: sei de uma empresa em que os funcionários criaram – claro que em segredo guardado a sete chaves – o “Troféu Frog”, para “premiar” semestralmente (também em segredo) o mais habitual e notório arremessador de “sapos” contra a equipe. Não é engraçado?

Agora, falando sério: nenhuma empresa que se preza, nenhum dirigente que respeita e valoriza seus colaboradores, nenhum gestor que está acompanhando as tendências das novas relações humanas permite a criação e o arremesso de sapos em sua organização ou em seu departamento. As chamadas equipes de alta performance caracterizam-se justamente pela liberdade de expressão, pela transparência, pelo diálogo claro e objetivo, sem insinuações e muito menos agressões verbais. Ao invés de “lançamento de sapos”, as equipes integradas utilizam instrumentos mais saudáveis e profissionais, como as discussões técnicas, defesa e explicação lúcida dos pontos de vista contrários, das divergências e das opiniões diferentes.

Proponho que façamos uma campanha em defesa do sapo, para que eles sejam deixados em paz nas empresas. Ninguém precisa ser ecologista para saber que eles tem lá sua utilidade – mas claro que fora das empresas, no seu “habitat” natural.

Um conselho útil para ninguém precisar mais “engolir sapos” e ir correndo chorar no banheiro: inverta a premissa psicológica que citei acima e tente transformar os “sapos” enviados em sua direção em “príncipes”. É uma alquimia simples: basta misturar bem alguns ingredientes facilmente encontrados em qualquer bom coração de qualquer esquina da vida: uma pitada de compreensão, outra de tolerância, mais uma de compaixão, um tiquinho de paciência e afeto e bom humor à vontade – ou como se diz em culinária: a gosto.

Para encerrar, quero apenas registrar uma curiosidade que há tempos vem me intrigando: de onde será que os “arremessadores de sapos” diários conseguem tanto estoque?

* Floriano Serra é colunista do Empregos.com.br, psicólogo, palestrante e Diretor de Recursos Humanos e Qualidade de Vida da APSEN Farmacêutica.

HÁ SEMPRE UMA LIÇÃO...

A arte de engolir sapos

Engole mais um sapo
Pois é… engolir sapos não é nada legal, mas algumas vezes em nossa vida, somos obrigados a engolir alguns…

O grande problema dessa vida, é saber como engolir os sapos, pra não ter uma indigestão e ficar mal depois…

Se você, simplesmente engole qualquer sapo que venha pela frente, sua vida vai virar um brejo… enlamaçado, sem belezas, com vidas primitivas à sua volta…

Mas hoje, ouvi uma coisa muito interessante sobre a interessante arte de engolir sapos, e aqui, vou passar a vocês o que interpretei de uma conversa:

Uma coisa é fato: alguns sapos em nossa vida, precisamos engolir, não tem jeito, não tem como fugir, evitar, adiar. Mas pra que isso não seja prejudicial a nós, ao nosso crescimento e à nossa saúde, podemos fazer da seguinte forma:

- o sapo chega e a gente olha pra ele, profundamente, sem medo, dó, nem piedade;

- mastigamos ele pedaço a pedaço, bem trituradinho…

- aí engolimos o bendito do sapo, mas…

- logo depois é necessário digerí-lo, fazer com que ele se dissolva o mais rápido possível…

- agora a principal parte: depois de digerido é preciso simplesmente eliminá-lo.

Sim, depois de saber engolir o sapo, é necessário tirá-lo de nossa vida de uma vez por todas, assim, os sapos necessários nunca nos farão mal, muito pelo contrário, nos trarão cada vez mais aprendizado.

E assim, por mais que surjam sapos nossos (e leiam isso muito bem, nossos, não os das outras pessoas, cada qual que se vire com seu próprio sapo), saberemos como lidar com isso e sairemos lindos, belos e formosos dessa situação que pode ser chata, mas que no futuro, quem sabe, vire cômica…

A ARTE DE ENGOLIR SAPOS

O Adão, meu amigo, professor de biologia, já encantado, amava os sapos. Dedicou sua vida a estudá-los. Estudava e admirava. Era capaz de identificá-los não só por sua aparência física como também pelo seu canto. Acho que o Adão achava os sapos bonitos. E é certo que eles têm uma beleza que lhes é peculiar. O filósofo Ludwig Feuerbach diria que para os sapos não existe nada mais belo que o sapo e, se entre eles houvesse teólogos, haveriam de dizer que Deus é um sapo. Cada forma de vida é o Bem Supremo para si mesma.

Eu mesmo, sem ter a sensibilidade do Adão, escrevi um livro para crianças em que um dos heróis é o sapo Gregório. Mas desejo confessar que não acho os sapos bonitos. Bonita eu acho a sua cantoria durante a noite, a despeito da sua falta de imaginação e monotonia. Mas o que ela perde em riqueza estética é plenamente compensado pelo seu poder hipnótico, o que é bom para fazer dormir.

Mas o fato é que nós, humanos, não consideramos os sapos como animais com que gostaríamos de conviver. Ter um cãozinho, um gato ou um coelho como bichinho de estimação, tudo bem. Mas se o menino quisesse ter um sapo como bichinho de estimação, os pais tratariam de levá-lo logo a um psicólogo para saber o que havia de errado com ele. Sapo é bicho de pesadelo.

Quem sugere isso são as Escrituras Sagradas. Está relatado, no capítulo oitavo do livro de Êxodo que Deus, para dobrar a obstinação do faraó egípcio que não queria deixar que o povo de Israel se fosse, enviou-lhe uma série de pragas de horrores, uma delas sendo a dos sapos. Diz o texto que a praga era de rãs, mas não faz muita diferença. "Eis que castigarei com rãs todos os teus territórios, o rio produzirá rãs em abundância, que subirão e entrarão em tua casa, no teu quarto de dormir, e sobre o teu leito, e nas casas dos teus oficiais, e sobre o teu povo, e nos teus fornos e nas tuas amassadeiras." Já imaginaram o horror? A gente entra debaixo das cobertas e sente o frio das rãs que lá estão. Morde o pão e dentro dele está uma rã assada.

Nas estórias infantis é a mesma coisa. A bruxa poderia ter transformado o príncipe numa girafa, num tatu ou num gato. Escolheu transformá-lo no mais nojento, um sapo. E há aquela outra estória em que o sapo queria dormir na cama com a princesinha. Tão horrorizada ficou de ter de dormir com um sapo que ela, para evitar os beijos e seus desenvolvimentos inevitáveis, pegou-o pela perna e o jogou contra a parede. Esse ato teve efeito mágico pois que, ao cair no chão, o sapo transformou-se em príncipe. Já aconselhei pessoas a lançar contra a parede seus sapos e sapas conjugais, para ver se o contra-feitiço funciona também para os humanos. Parece que não.

O horror do sapo aparece também numa sugestiva expressão popular: "ter de engolir sapo". Por que não "ter de engolir gato", "ter de engolir borboleta", "ter de engolir tico-tico"? Porque mais nojento que sapo não existe.

Essa expressão traz o sapo para o campo das atividades alimentares. Engolir é comer. O ato de comer é presidido pelo paladar. O paladar é uma função discriminatória. Ele separa o saboroso do não saboroso. O saboroso é para ser engolido com prazer. O não saboroso, o corpo se recusa a comer. Cospe. "Ter de engolir sapo": ser forçado a colocar dentro do corpo aquilo que é nojento, repulsivo, viscoso, frio, mole.

Não há forma de engolir sapo com prazer. Engolir um sapo é ser estuprado pela boca. Há um ditado inglês que diz: "If you are going to be raped, and there is nothing you can do about it, relax and enjoy it": se você vai ser estuprado e você não pode fazer nada para impedi-lo, relaxe e trate de gozar o mais que puder. Esse ditado sugere a possibilidade de se sentir prazer em ser estuprado. Pode até ser. A psicanálise me ensinou a aceitar a possibilidade dos mais estranhos prazeres perversos. Mas não há relaxamento que faça do ato de engolir um sapo uma experiência prazerosa.

Por que engolir um sapo?
Há pessoas que engolem sapos por medo. Bem que seria possível evitar a repulsiva refeição: o sapo é um sapinho. Mas elas preferem engolir o sapo a enfrentá-lo. Não têm coragem de pegá-lo e jogá-lo contra a parede. Pessoas que fizeram do ato de engolir sapos um hábito acabam por ficar parecidas com eles: andam aos pulos, sempre rente ao chão e coaxam monotonamente.

Mas há situações em que é inevitável engolir o sapo. Eu mesmo já engoli muitos sapos e disto não me envergonho. O meu desejo, com esta crônica, é dar uma contribuição ao saber psicanalítico, que até agora fez silêncio sobre o assunto. Muitos dos sintomas neuróticos que afligem as pessoas resultam de sapos engolidos e não digeridos.

Tudo começa com um encontro: à minha frente um sapo enorme, ameaçador, com boca grande. A prudência me diz que é melhor engolir o sapo a ser engolido por ele. É melhor ter um sapo dentro do estômago (sapos engolidos nunca vão além do estômago) do que estar no estômago do sapo.

Aí, impotente e sem opções, deixo que ele entre na minha boca, aquela massa mole nojenta. É muito ruim. O estômago protesta, ameaça vomitar. Explico-lhe as razões. Ele cessa os seus protestos, resignado ao inevitável. Não consigo mastigar o sapo. Seria muito pior. Engulo. Ele escorrega e cai no estômago.

Alimentos não digeríveis são eliminados pelo aparelho digestivo de duas formas: ou são expelidos pelo vômito ou são expelidos pela diarréia. Os sapos são uma exceção. Não são digeridos mas não são nem expelidos pelas vias superiores e nem pelas vias inferiores. Os sapos se alojam no estômago. Transformam-no em morada. Ficam lá dentro. Por vezes hibernam. Mas logo acordam e começam a mexer.

Ninguém engole sapo de livre vontade. Engole porque não tem outro jeito. Tem sempre alguém que nos obriga a engolir o sapo, à força. A pessoa que nos obriga a engolir o sapo, a gente nunca mais esquece. Diz a Adélia que "aquilo que a memória amou fica eterno". Aí eu acrescento algo que aprendi no Grande Sertão. Conversa de jagunços matadores. Diz um: "Mato mas nunca fico com raiva". Retruca o outro, espantado: "Mas como?" Explica o primeiro: "Quem fica com raiva leva o outro para a cama." É isso. A gente leva, para a cama, a pessoa que nos obrigou a engolir o sapo. A raiva também eterniza as pessoas. Não adianta falar em perdão. A gente fica esperando o dia em que ela também terá de engolir um sapo. Ou como dizia uma propaganda antiga de loteria, a gente reza: "O seu dia chegará..."


Rubem Alves
www.rubemalves.com.br

ASSERTIVIDADE

Uma das melhores formas de evitar que lhe sirvam sapos nos intervalos das refeições é saber ser assertivo. Isso exige treino, muito treino, ms você é capaz, tente.
Encontrei um site ótimo que vale a pena fuçar ... veja o texto sobre assertividade que encontrei lá:

ASSERTIVIDADE É...


""Dê a todas pessoas os seus ouvidos,
mas a poucos a sua voz."
Willian Shakespeare

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RESUMO:
"Você pode ser sempre você!
A liberdade do outro começa onde termina a sua.
Aprenda a falar dos seus sentimentos próprios, a falar de si.
Quando falamos de nós próprios podemas falar de como as palavras, as ações dos outros nos impactam, sem julgar o outro.
Isto é assertividade, tão comentada e tão mal aplicada...
"
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Hoje, fala-se e se usa a assertividade de uma forma indiscriminada e inapropriada. Assertividade acabou virando uma desculpa para as pessoas "enfiarem o pé na jaca":

- "Você me desculpe, mas eu vou ser 'assertivo'!"

O próprio uso da frase já mostra a não assertividade, pois se você é assertivo, não precisa pedir desculpas para expor o que quer que seja.

Há várias ocasiões, dificuldades e falta de repertório comportamental e atitudinal, que levam as pessoas a deixarem de ser assertivas:

- Elas não sabem trabalhar e se relacionar adequadamente com pessoas.

- Elas não se mostram por inteiro para os outros.

- Elas têm dificuldades de aceitar a diversidade de papéis, opiniões e sentimentos.

- Elas não expressam suas opiniões, desejos, expectativas, percepções, sentimentos e emoções.

- Elas querem manter controle sobre si ou sobre os outros, ou sobre si e os outros.

- Elas não sabem definir os seus limites, nem perceber os limites das outras pessoas.

- Elas têm medo, raiva, frustração, falta de esperança com as pessoas do seu relacionamento pessoal e profissional.

- Elas têm pena de si próprias e se colocam na defensiva.

Antes de falar sobre como ser assertivo, vamos dizer o que assertividade não é:

- Assertividade não é ser "sincero" com os outros.
- Assertividade não é você ter "pontos de vista sobre pessoas".
- Assertividade não é julgar os outros.
- Assertividade não é por para fora tudo o que você pensa.
- Assertividade não é você se mascarar ou se camuflar.
- Assertividade não é evitar conflitos e críticas.

Assertividade não é nem ser passivo, e aceitar os padrões de outrem, impostos de fora para dentro; nem tampouco ser agressivo, e emitir uma avalanche de impropriedades a quem você julgar atravessar os seus limites.

Um outro conceito, bastante misturado com a assertividade é o "feedback". Só para esclarecer e trazer um posicionamento claro:

Ser assertivo é não ser passivo, nem ser agressivo, ou quaisquer combinações possíveis destes dois comportamentos não apropriados, pois podem conduzir você a momentos indesejados, para você e para quem o acompanha, produzindo uma baixa crescente na sua auto-estima.

"Chamar alguma coisa de "feedback" não faz disso um "feedback"; se ele contém um julgamento, é uma crítica. "Feedback" refere-se a observações, jamais julgamentos ou críticas."

Esta frase está no livro "REAL COACHING AND FEEDBACK - How To Help People Improve Their Performance", de J. K. Smart, Pearson Education, 2003.

Assertividade é:

- viver e usufruir os seus direitos;
- reconhecer e expressar os seus sentimentos e emoções;
- solicitar o que você quer;
- expressar os seus pontos de vista sobre assuntos, idéias, ideais, e
conceitos;

de forma direta, com integridade, honestidade e respeito aos outros.

Assertividade é estar presente, por inteiro, sempre e, não só permitir, mas incentivar que as demais pessoas à sua volta também ajam de forma semelhante.

Uma pessoa assertiva é aquela que tanto reconhece como permite que as suas vozes internas sejam liberadas, com classe, pois, como constantemente liberadas, não há a repressão passada que provocaria o grito futuro.

Ser assertivo é:

- fazer emergir o seu "eu",
- aceitar o seu "eu",
- expor o seu "eu" com altivez,
- fazer o seu "eu" ser visível e respeitado;
- criar uma parceria com você próprio.

Ser assertivo é deixar de ser perfeito, é expor as suas falhas, as suas emoções e opiniões cruas e não "politicamente corretas", o seu lado humano incoerente, mas real.

Quando você conseguir isso, essa sua parceria consigo conduz a que o mandamento

"Ama o próximo como a ti mesmo."

deixe de ser um mandamento, e passe a ser a constatação de que os seus comportamentos e as suas atitudes constroem:

Você aceita e ama o seu próximo na exata medida que aceita e ama a si.

E para esta construção, não há um início, nem um final; o todo se forma pela sua vontade, por pequenas aproximações sucessivas, ao longo da sua vida.

Com a assertividade não há, definitivamente, a "degustação de sapos". Para conhecer algumas técnicas de assertividade leia:

"A Arte De Não Engolir Sapos"

Depois dessas técnicas práticas da assertividade só resta dizer que toda e qualquer a pessoa que:

- ou trabalha com público,
- ou vive em família ou comunidade,
- ou se relaciona com pessoas,

necessita exercer a assertividade.

Você se enquadra em alguma destas condições?

Se você busca ser cada vez mais você, você precisa dar espaço para que as suas emoções e sentimentos surjam, sejam percebidas e assumidas por você. Se você tem dificuldades em usar a assertividade a Merkatus pode ajudá-lo. Contate-nos já:

calfaria@merkatus.com.br ou

0 XX 47 3369-2465

Construamos uma semana assertiva.

Carlos Alberto de Faria
Merkatus